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A Maldição de Nakamura

A Maldição de Nakamura

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| 43 | Diversos

Não é um grande segredo que eu devoto bastante espaço nos meus artigos para o xadrez de Hikaru Nakamura.

A razão não é sequer que tal como milhares dos seus fãs eu estou a torcer por um grande mestre que tem um estilo único, e divertido. A transformação de Hikaru dum pequeno rapaz para um super-GM aconteceu mesmo em frente dos meus olhos e jogámos até na mesma equipa na Liga de Xadrez dos EUA.

Portanto podes imaginar como foi doloroso assistir a eliminação de Nakamura da Taça do Mundo de 2017

Aqui está a partida que foi o fim do caminho para Hikaru.

Esta partida surpreendeu-me por muitas razões. Primeiro que tudo, após 8. Cxf7 a posição das Pretas tornou-se muito desagradável, portanto eu não posso imaginar que Nakamura não tivesse possivelmente ter visto este lance durante a sua preparação prévia, especialmente se consideramos que o 'segundo' de Hikaru, Kris Littlejohn, utiliza poderosos programas de computador 24/7. Terá sido algum tipo de falha de computador?

Mesmo se imaginarmos o inimaginável, que Nakamura estivesse sem o apoio da sua preparação logo ao lance sete, ainda é difícil de acreditar que ele não tivesse visto o lance 8.Cxf7, uma vez que é por norma um lance em posições semelhantes e tem acontecido centenas de vezes.

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Foto: Chess.com/Maria Emelianova.

Uma das mais famosas partidas é a seguinte:

Aqui está o que Tal escreveu sobre esta partida:

Na minha opinião um sacrifício como este não requere qualquer cálculo, basta olhar só para a posição resultante para ver que o sacrifício deve ser de confiança. E de que tipo de sacrifício estamos aqui a falar? As Pretas recebem duas peças menores por uma torre e um peão, o que, de acordo com a maioria dos compêndios é simplesmente um meio peão extra.

Mas na partida Fedoseev-Nakamura, as Brancas receberam uma torre e dois peões pelas suas duas peças menores, e portanto, usando a aritmética da Tal, as Brancas tinham um centro de peões extremamente poderoso, iniciativa contra um rei preto vulnerável e uma vantagem material!

No improvável caso de que Nakamura nunca tinha visto a partida de Tal acima mencionada (ou centenas de exemplos semelhantes) ele definitivamente que conhecia uma partida onde duas peças menores sucumbiram para uma torre e dois peões.

Aqui está a partida que eliminou o GM Nakamura da Taça do Mundo de 2015:

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É claro que aquela partida também teve a sua fantástica predecessora:

Não deves pensar que uma torre e dois peões são sempre melhores do que duas peças menores; tudo depende da posição. Olha para a seguinte partida por exemplo:

Embora eu pense que Anand tivesse abandonado um pouco prematuramente, a sua posição é de facto extremamente má. As torres das Pretas não têm para onde ir e as peças brancas dominam todas as casas chave. Enquanto que nesta partida as Pretas têm uma pequena vantagem material, os enormes benefícios posicionais das Brancas mais do que compensam pelo "meio peão" extra das Pretas.

No entanto, em ambas as partidas de Nakamura, os seus oponentes tinham a vantagem material e a iniciativa, e daí o resultado!

Aqui estão mais duas partidas clássicas que demonstram o conceito:

Portanto, quando Nakamura jogar a sua próxima Taça do Mundo, ele pode jogar Dh5 ao segundo lance, ou trocar acções nos mercados financeiros entre as rodadas, mas por amor de Deus, Hikaru, não dês uma torre e dois peões por duas peças menores!


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